As origens da Casa do Ribeirinho

De tão antiga que é, a Casa do Ribeirinho não tem uma origem precisa no tempo. E o mais interessante é verificar os diferentes usos que o espaço teve ao longo da história. Os registos mais antigos até agora encontrados datam de 1778, ano em que foi feita a escritura para a construção da Capela, num contrato celebrado entre António Bernardo Álvares de Brito e o Mestre Pedreiro António Francisco dos Santos.

No lugar da Capela existia anteriormente a Igreja de Santo António, demolida para no seu lugar nascer a Capela do Solar dos Brito e Cunha, sob invocação de Nossa Senhora da Piedade e Santo António.

Em 1553, funcionavam nas imediações da actual Casa o Hospital, a Casa do Povo e a Casa de Audiência e, no século XVIII, foi ali instalada a Cadeia; um facto que não deixa de ser extremamente curioso se pensarmos que um dos mais ilustres habitantes da casa foi António Bernardo de Brito e Cunha (1782-1829), um dos “mártires” da liberdade.

Cavaleiro das Ordens de Cristo e da Conceição, António Bernardo de Brito e Cunha foi um dos mais acérrimos defensores dos ideais liberais, o que lhe valeu a condenação à morte, sob a acusação de ter recebido os chefes liberais ingleses na Casa do Ribeirinho, de ter tomado parte na eleição da Junta do Governo Provisório e de ter desempenhado os cargos de Vogal da Junta do Tesouro e de deputado da Companhia dos Vinhos.

António Bernardo de Brito e Cunha viria a ser executado na Praça Nova, actual Praça da Liberdade, juntamente com mais nove companheiros, figurando os seus nomes na estátua de D. Pedro IV, no Porto.

A história de Matosinhos decorre, de certa forma, em paralelo com a da Casa, pois não só a família Brito e Cunha era uma das mais antigas desta vila piscatória e cuja fixação no local remonta a épocas anteriores ao próprio Condado Portucalense (1080), como também o núcleo medieval da povoação integrava o actual Largo do Ribeirinho.
    
 
 
 Ficha Técnica